O Natal se aproxima com todos seus simbolismos, tradições e guloseimas. O Panettone e, mais recentemente o Pandoro, tornaram-se bem difundidos aqui no Brasil, graças à intensa migração de italianos no final do século XIX e início do XX. Falando um pouco sobre esses dois tradicionais pães natalinos, nada pode ser mais milanês do que brindar o Natal com uma fatia de panettone e um cálice de espumante.
Entretanto, o panettone original era bem diferente deste que conhecemos agora, ele era mais baixo e denso, tanto que para ajudar na levitação e também devido à um certo grau de religiosidade, as cozinheiras usavam uma lâmina para traçar uma cruz no topo da massa, antes de assá-la. O formato alto, hoje tão difundido, data dos anos 50 do século XX, quando Angelo Motta, confeiteiro de Milão, passou a utilizar o cartucho de papel para orientar o crescimento da massa.
Atualmente, a produção de panettone italiano é levada tão a sério que desde 2005 existem normas rígidas a serem respeitadas. Por exemplo, para ser considerado um panettone genuíno deve conter, obrigatoriamente, farinha, sal, açúcar, ovos, nata e frutas cristalizadas, que não podem ser em quantidade inferior a 20% do total de ingredientes. O nome do panettone também guarda seus segredos. Alguns dizem que significa “pane di tono”, ou seja, um pão grande. Outros contam a história de que foi criado por acidente no século XV por um aprendiz de forneria chamado Toni e o pão teria o seu nome, “pane di Toni”. A verdade, jamais saberemos! O que se sabe é que sua origem é bem antiga, tanto que no século XIII existia um pão similar adoçado com mel, uvas secas e açúcar.
Já o pandoro é uma outra tradição muito difundida na Itália e nem pense em dizer que o pandoro é um panettone sem as frutas. São receitas totalmente diferentes e de origens bem diversas. No caso do pandoro, a história mais conhecida é que surgiu em Veneza no século XIX, onde era servido nas mesas dos nobres, porém, não se tratava de uma receita original, derivava do “nadalin”, um doce típico do período natalino preparado em Verona desde o final da Idade Média, que por sua vez, já era uma adaptação da receita austríaca do “pane di Vienna”, que teve origem no brioche francês. Ainda que a origem do Pandoro seja um tanto confusa, ao menos quanto ao formato de estrela temos uma boa explicação. Em 14 de outubro de 1894, o confeiteiro veronese Domenico Melegatti registrou a receita do Pandoro di Verona, em que a massa passou a ser assada em uma forma com formato de estrela de oito pontas, forma aliás, inventada pelo pintor impressionista Angelo Dall´Oca Bianca. Na antiga casa de Domenico Melegatti, em Verona, é possível ver na sacada um molde da famosa forma do Pandoro. A preparação original do Pandoro é longa e com várias fases de trabalho. A massa é preparada com açúcar, fermento, ovo e farinha e depois é deixada para fermentar por ao menos duas horas. Passado esse período, adiciona-se manteiga, mais farinha, ovos e açúcar e há um segundo período de fermentação por mais duas horas. Depois disso, a massa é sovada, são adicionados outros ingredientes aromáticos e repousa por mais trinta minutos. O processo se repete mais uma vez (essa já é a quarta fermentação). Só depois é transferida para a forma untada com manteiga e repousa por mais uns trinta minutos antes de ser levada ao forno. Uma vez assado, esfriado e desenformado, todo o trabalho terá valido a pena! Apenas polvilhado com açúcar de confeiteiro, o sabor e o aroma do verdadeiro Pandoro são únicos.
Uma tendência mais recente envolvendo o Pandoro é a de decorá-lo para enfeitar a mesa de Natal. O pandoro é cortado em fatias horizontais e depois remontado com recheio de creme e frutas ou nutella, bem ao estilo “naked cake” e então polvilhado com açúcar de confeiteiro ou até com chocolate derretido.
Você pode tentar fazer em casa, ou caso prefira comprar o panettone ou pandoro já pronto, que tal decorá-lo de uma forma mais original e aproveitar para contar a história de sua origem para toda a família? Para mais informações gastronômicas acesse nosso blog.