A primeira regra ao se degustar um vinho é que não basta apenas “beber” o vinho. Deve ser uma experiência sensorial que vai além do “paladar”. Portanto, o primeiro passo é despertar nossos outros sentidos, em especial, a visão, o olfato e o tato. Com a visão, logo de início, identificamos se um vinho é tinto, branco, rose ou espumante.  Certamente, é a parte mais fácil.

O olfato exige um pouco mais de treino e deve despertar nossas memórias olfativas. O tato, apesar de inicialmente parecer estranho, também está envolvido no processo de degustação e, junto com o paladar, possibilita a identificação das sensações térmicas do vinho (quente, frio, gelado, etc.).

O paladar, a grande estrela da degustação, vai identificar sabores, tais como “ácido”, “salgado”, “doce” ou “amargo”. Também permite a identificação de taninos, um gosto que “pega”, “marra”, como comer banana verde ou caju. Um detalhe interessante é que sem o olfato, a percepção do paladar ficará impossibilitada ou muito dificultada. Portanto, é o conjunto de sensações que tornam a degustação prazerosa. Faça o “sacrifício” de exercitar-se para tirar o máximo proveito desta experiência.

Degustação vinhos ..

Quanto aos aromas dos vinhos, sabe aquela parte pomposa da degustação, em que se segura a taça, cheira e depois a faz girar e então se absorve o “bouquet”? É esse o momento! Encha sua taça só em 1/3 para poder fazê-la girar sem voar vinho para todo lado. Não tenha pressa! Primeiro observe as cores e a limpidez do vinho.

Perceba a intensidade do vinho cheirando-o. Só então gire levemente a taça para perceber a complexidade dos aromas, que geralmente se encaixam nas “famílias” frutados, minerais, etéreos e florais.

Para uma degustação adequada, precisamos estar atentos ao uso da taça correta, que facilite a observação sensorial e também a temperatura do vinho, para sentir os aromas, a temperatura de 18 graus é a ideal. Mas atenção, quanto mais quente a temperatura do vinho, mais evidentes os sabores doces e alcoólicos e quanto mais gelados, mais evidentes os sabores ácidos e amargos, além da sensação adstringente dos taninos.

Durante a degustação são servidos determinados alimentos que  fazem a contraposição ou o contraste com o vinho, portanto atenção, por mais apetitosos que sejam, a função desses alimentos é potencializar a degustação e não a saciedade. Os alimentos selecionados para a degustação de vinhos possuem características de gordura (ex.: manteiga ou capa de gordura), untuosidade (ex.: azeite) e suculência (ex.: carne ao ponto ou que estimule a salivação, como o pão). Assim, podemos identificar um vinho com dureza, maciez ou equilíbrio entre essas duas características.

Um vinho duro é aquele mais ácido, com mais taninos e com sapidez (“puxa” para o salgado, mineralizado). Já um vinho macio é aquele que tem um sabor residual doce, alcoólico. Bom… e o que isso tem a ver com os alimentos? Tudo! Pois é pelo contraste que as características serão evidenciadas. A sensação do alimento deve contrapor com a sensação do vinho e equilibrar a maciez e a dureza. Como fazer isso? De uma maneira bem simplificada, para harmonizar por contraposição, comidas gordurosas ou de tendência doce harmonizam com vinhos mais ácidos, efervescentes ou sápicos (tendência ao salgado). Não esqueça que comidas gordurosas “secam” a boca e, para contrabalançar, o vinho deve estimular a salivação seja pela acidez ou pela efervescência. As comidas mais untuosas (oleosas) e suculentas, que estimulam a salivação, combinam com vinhos que “secam” a boca, portanto, os alcoólicos e tânicos. Comidas com tendência amarga, ácida e sápicas (marcantes), como bacalhau ou uma boa massa al pesto combinam com vinhos macios e de médio corpo. E por fim, esse texto só tem o objetivo de despertar a curiosidade, é bem básico porém suficiente para despertar interesse. Mas, se por outro lado, o que realmente interessa é beber um vinho que lhe pareça bom, em companhia de amigos, relaxe!  Afinal para que existem as regras se não for para quebrá-las?

Em nossas roteiros incluímos almoços e jantares a fim de que você possa harmonizar pratos e vinhos típicos de cada região visitada. Afinal, gastronomia é assunto sérios para nós!

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