A emigração sempre foi utilizada em toda Europa como alívio das pressões socioeconômicas. No caso da Itália, o longo período de lutas para a unificação do país deixou como herança muita pobreza, em especial, entre os mais humildes e moradores de áreas rurais, que se viram incapazes de sobreviver com o fruto de suas terras ou de obter trabalho nas cidades. No período entre 1860 e 1920, cerca de 7 milhões de italianos deixaram o país.
Parte desse período coincidiu com a redução e abolição da mão de obra escrava no Brasil. Com isso, os fazendeiros se viram sem trabalhadores para tocar suas propriedades. Uma das soluções encontradas foi a importação de mão de obra imigrante. Criou-se a imigração subvencionada que durou de 1870 a 1930 e que financiava passagens e alojamento para os imigrantes, além de garantir contratos de trabalho no campo. Os italianos deixaram seu país e seguiram em destino à luta por oportunidades no “Novo Mundo”, o continente americano. Aqueles que seguiram para o Brasil saíram de diversas regiões italianas, mas principalmente do Veneto (30% do total) , da Campania, da Calabria e da Lombardia.
Ao chegarem ao Brasil por meio da imigração subvencionada, a maioria dos italianos seguiram para as fazendas de café em São Paulo. Um segundo grupo foi para os núcleos oficiais de colonização no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Espírito Santo e um terceiro contingente se estabeleceu nas grandes cidades da época, Rio de Janeiro e São Paulo, para o trabalho nas primeiras indústrias. Minas Gerais foi um estado que não sentiu de imediato a perda da mão de obra escrava, pois muitos dos libertos foram aproveitados para o trabalho remunerado nas fazendas. Com o tempo, os fazendeiros deram preferência à mão de obra europeia pois os ex-escravos eram vistos como preguiçosos e indolentes. A imigração para Minas Gerais se deu quase que exclusivamente para a parte sul do estado, na Zona da Mata, mas muitos desses imigrantes não permaneceram por lá, uma vez que não conseguiram prosperar e partiram para centros urbanos. Os imigrantes que se fixaram em Belo Horizonte foram fundamentais para a construção da capital mineira.
Um fato desconhecido por muitos brasileiros é que a Itália, como país, existe há pouco menos de 150 anos. Na época da Grande Migração, o que existia eram vários reinos independentes. Ainda hoje, notamos fortes traços regionalistas e isso se expressa na cultura como um todo. Ainda é comum um italiano se apresentar como proveniente de uma dada região italiana e não simplesmente como “italiano”. Eles dizem “sou italiano do Veneto”, e muitas vezes, com orgulho, falam isso em dialeto local e não o idioma oficial. Um reflexo disso é bem evidente nos imigrantes que aqui chegaram ao final do século XIX, eles pouco vivenciaram a unificação italiana e persistiram na identidade regional. Por outro lado, os brasileiros que desconheciam totalmente essa característica, denominavam todos como “italianos” e isso contribuiu para que aos poucos eles fossem perdendo suas identidades regionais.
Mesmo fazendo parte de um passado não tão distante, muito disso já faz parte da história. Ainda hoje, um grande número de brasileiros cultiva o desejo de conhecer a Itália de seus antepassados, afinal somos cerca de 28 milhões de descendentes destes corajosos imigrantes. Nossos pacotes tem como foco principal propiciar aos nossos clientes roteiros de forte apelo cultural, vivenciando uma imersão nos hábitos locais e regionais. Certamente, uma experiência inesquecível à todos, em especial aqueles que possuem suas raízes provenientes na Itália.